O cínico golpe



O Presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), dormem em berço esplêndido enquanto Dilma Rousseff é impedida de dormir sossegada.

Se fosse para valer a indignação contra a corrupção, a presidenta deveria estar no lugar dos dois comandantes do Congresso Nacional. Dilma não é alvo da Lava Jato e a Polícia Federal, vinculada ao Ministério da Justiça, faz e acontece na dobradinha com o juiz Sérgio Moro para extinguir o governo petista.

Renan e Cunha foram indiciados pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. Os dois e um punhado de deputados e senadores de variados partidos, até do PSDB. Ninguém foi à Esplanada dos Ministérios gritar fora.

Sujeita a ter as contas rejeitadas por causa de umas pedaladas fiscais (lá no TCU, dois ministros foram citados por delatores da Lava Jato), feita por todos os antecessores, cria-se o clima de "fim de governo", "situação insustentável" e "crime de responsabilidade".

O impeachment vai sendo alimentado dia a dia. Até Lula já estaria "por aqui" com a sua cria e louco para apunhalá-la pelas costas. Melhor para o PT? Melhor para o ex-presidente? Melhor para Cunha e Renan? Melhor para a democracia? Melhor para o brasileiro?

A incompetência de Dilma de se acomodar à política tradicional é o que a torna diferente de tudo o que já passou pelo Palácio do Planalto. Nesse mundo dos espertos, Renan e Cunha se tornaram estadistas. Golpes não precisam mais de escancarados tanques de guerra. O cinismo dos "preocupados com o futuro do Brasil" é o suficiente.

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